_Que horas será que a que vão nos chamar?
_Acho que dentro de instantes, eu sou Miguel o chefe do corpo de jurados e você?
_Sou Alma, estou chocada, como puderam matar um menino de apenas 11 anos...
_Realmente é inexplicável...
_Mas agora essa criança deve estar em um lugar melhor
Miguel
Vira-se para Alma e diz:
...não creio em vida após a morte.
Então Alma desaparece.
Theo, o juiz linha dura, intrigado com o desaparecimento de Alma, a jurada numero 11, pede para que a polícia vasculhe todo o tribunal atrás de Alma.
_Bom dia Juiz sou delegado chefe Saul Massif, e garanto-lhe que minha equipe achará a jurada número 11.
_Assim espero, assim espero.
A equipe toda de preto combinava-se com juiz advogados e promotores vestidos em togas romanas, todos numa medonha festa ‘black tie’. O clima era tenso como haveria de ser, uma pessoa desapareceu na frente de outras dez como a gota d’agua em sublimação.
O chefe do corpo, desesperado, chora infantilmente e balbucia palavras inteligíveis a um investigador ‘eu sou o culpado’ diz ele ‘eu a fiz desaparecer’ tremendo e chorando repete-se nessas frases, o investigador por sua vez ironiza ‘como é possível que o verbo torne-se ação? O senhor está me dizendo que é um mágico ou algo assim?’ E continua a busca pela jurada número 11 enquanto o investigador tenta entender o tatibitate do chefe do corpo.
_ Achei a bolsa da desaparecida! - Grita ao delegado chefe Saul um investigador com dentes amarelos por trás de um bigode horroroso.
_ E o que há dentro dela?
_Um cálice com a seguinte inscrição “Ceia dos 11 pastores”
_ Mais nada? Nem carteira ou batom ou ainda dinheiro e documentos?
_Apenas o cálice.
Então Saul chama Theo em um apêndice arquitetônico do fórum e faz-lhe uma proposta.
_Todos juntos, investigadores, cães policiais, promotor, advogado de defesa, escrivão, vossa excelência e eu, levaremos o chefe do corpo até seu gabinete e o pressionaremos até que ele esclareça-nos como fez desaparecer a jurada Alma.
_Estamos esperando o quê? Vamos!
Então com uma ordem de Saul, o investigador de bigode horroroso encaminha o réu confesso do inexplicável crime até o gabinete de Theo. O delegado e os outros investigadores, em quanto isso preparavam os envolvidos no plano de Saul para assustar o chefe do corpo e faze-lo falar de qualquer forma. Já com o circo todo armado entram um a um os cúmplices táticos da policia, o advogado de defesa, promotor, delegado chefe Saul Massif, juiz Theo e por fim mais três investigadores, cada um com seu respectivo cão, dois deles enormes capas-pretas policiais, os famosos pastores alemães da policia e o terceiro como descreveria o próprio delegado chefe, um sabujo cheirador de orelhas enormes e aparência desengonçada.
_Que meada de cachorro é esse! É ah... - Diz o investigador contendo-se para não estragar o plano, afinal um cão de um palmo e meio de altura poderia ser um excelente farejador, mas não serviria em nada na trama teatral armada pelo delegado para assustar o chefe do corpo.
_Tudo bem antes de começarmos a interrogá-lo vou ler os seus direitos. Você tem o direito de permanecer calado, tudo que disser poderá e será usado contra você no tribunal, você tem direito a um advogado e poderá pedi-lo a qualquer momento. Entendeu os seus direitos?
_Sim, mas eu estou sendo formalmente acusado? - Responde o chefe do corpo surpreso com toda aquela gente com armas, máquinas de escrever, gravadores e cães.
_O nosso investigador Sócrates (o do bigode) disse que você confessou a culpa. Mas serei sincero com você estamos aqui para saber como se deu o desaparecimento, pois prendê-lo será fácil com a sua confissão, mas sem detalhes não manteremos você na cadeia por mais de uma noite. Então trate de nos explicar! Você tem cúmplices? Você conhece alguma passagem secreta na sala dos jurados? Você tem algum conchavo com a segurança do fórum? Quantos anos você tem? Pra que time torce? Sua mãe ainda está viva?
E todos no gabinete do juiz repetiam essas perguntas em tom hostil e ameaçador, os cães latiam, o som da máquina do escrivão deixava o chefe do corpo louco. Imergindo-o em pensamentos psicóticos pois estava mais confuso que todos naquela sala, então num lampejo de sobriedade o chefe do corpo respirou fundo, ajeitou o nó da gravata escorou as costas na parede e colocou as mãos algemadas sobre o colo.
_Acredito que não serei preso.
_Por quê? – pergunta o investigador.
Miguel ri baixinho, ele acha que entendeu o que aconteceu na sala do júri, em sua cabeça ele avalia ‘será possível?’ ‘Como isso aconteceu?’ Miguel franze o cenho, levanta a cabeça e repete.
_Eu não acredito que serei preso.
Todos se calam. O juiz levanta-se da cadeira, anda vagarosamente até Miguel coloca a mão em seu ombro e pergunta-lhe.
_Por que meu filho?
Mais uma vez Miguel ri baixinho, como quem não acredita no que está prestes a fazer, ele olha para o circo, ri mais um pouco e então pára.
Miguel
Vira-se para Theo e diz:
Não creio na justiça!
Então juiz, advogado, promotor e o escrivão desaparecem.
Miguel olha para o delegado chefe Saul Massif, e ri, uma risada infernal, como que saída das entranhas do diabo, volta a rir baixinho passa os olhos nos quatro investigadores, Sócrates mijado de medo, outro entoando preces, move-se rapidamente.
Miguel
Vira-se para o Saul e diz:
Não creio na policia!
Então Saul, Sócrates e os outros três investigadores desaparecem.
Miguel ouve um som agudo, dirige seu olhar para o lugar dantes ocupado por Sócrates, olha para o chão e encontra um pequeno como com algo escrito. Ele pega o copo coloca-o sobre a mesa que havia sido do juiz Theo. Mais um som, os cães, eles estão chorando e Miguel se compadece. Aproxima-se dos cães e passa alguns minutos acariciando os grandes e belos cães enquanto o pequenino parece não se importar com toda aquela balburdia.
_Quem é o cachorrão do papai? Você ou você? Quem que quer ir embora com Miguel? Ah coisa mais linda esses cães!!! Até você pequeno de tão feio é bonitinho!
Miguel levanta-se, volve-se a mesa do juiz e vê uma bela garrafa de Jonnhy Walker 12 anos, ainda agitado com toda a descoberta de seus poderes para-normais ele pega a garrafa, senta-se a mesa do juiz e pega o cálice que colocou na mesa e toma uma dose, mais uma, mais uma.
Miguel sente-se solitário enche o cálice e vai até os cães e fica ali acariciando eles até que ele nota o relevo no seu pequeno copo e vê escrito ali “Ceia dos 11 Pastores”.
_Olhem só meus amigos, eu tomando uísque num cálice de santa ceia.
Miguel
Vira-se para os cães e diz:
...Não creio em pastores.
E os dois cães grandes desaparecem.
Miguel chora, desespera-se, nota que nunca mais poderá proferir aquelas palavras ele escorre pela parede ate que caia todo sobre o chão de mármore do gabinete do juiz, quando reabre os olhos vê o cão feio com a língua inteira de fora armando uma lambida inescapável. Miguel se reanima pega o cão ergue-o até a altura dos olhos e diz “eu nunca deixarei você amiguinho”
O Sabujo cheirador
Vira-se para Miguel e diz:
Não creio em heróis.
E Miguel desaparece
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